É bem mais difícil do que parece escrever posts para o blog quando se tem tanta coisa pra fazer, mas prometo que de vez em quando eu passo aqui pra dar um update de como estão as coisas por aqui.

Hoje estou completando dois meses nos EUA e eu nem acredito que já passou todo esse tempo. A minha vida aqui é completamente diferente do que eu esperava que fosse ser quando eu estava no Brasil. A gente sabe que vai ser muito trabalho e que não vai ser fácil, mas a gente nunca tem ideia da dimensão que isso vai ter na vida real.

Aqui eu tenho muito trabalho sim! Eu mais trabalho do que faço qualquer outra coisa, e foi muito difícil aceitar isso no começo. Nas primeiras semanas na minha nova família eu fiquei muito mal e até pensei em desistir, mas estou feliz que eu não fiz isso. Apesar da quantidade de coisas pra fazer, eu sei que é uma situação temporária e essa não será minha realidade para sempre. Eu tenho na minha cabeça que preciso chegar até o final pois eu sei que vou aprender muito com esse programa.

Nesses dois últimos meses eu me tornei uma pessoa completamente diferente. Hoje eu sou mais forte e sei que sou capaz de muita coisa. Quando eu consigo vencer um desafio que aparece na minha frente, é mais uma conquista na minha vida e não tem dinheiro que pague essa sensação. Cada dia que eu sinto alguma dificuldade e eu penso novamente em desistir, eu sempre mentalizo a minha meta para depois do au pair. É algo que eu quero alcançar e isso só vai poder acontecer se eu for forte o suficiente para ficar aqui.

E já deixo a dica que ser Au Pair não é para qualquer uma. É um teste de resistência e é por isso que muitas acabam voltando pra casa. Não é fácil ficar longe de casa e de todos que você ama, não é fácil você ter que resolver os problemas sozinhas e também não é nem um pouco fácil viver na mesma casa que os seus chefes e viver de acordo com as regras deles. 

Eu sei que por um lado o objetivo do programa é essa "experiência cultural" e viver com uma familia como se fosse a sua. Mas a realidade é que: eles não são minha familia e nunca serão. E eu nunca vou conseguir amá-los como se fosse família. Claro que a gente se apega depois de um tempo, mas ainda assim eu estou encarando como trabalho. E quando o seu horário de trabalho termina, você só quer ficar longe. 

Alias, não me entendam mal: a minha familia aqui na Georgia é ótima! Os meus host parents são super de boa e são super pacientes comigo. Eles conhecem bem o programa e seguem as regras direitinho. Também são super organizados e juro, não tenho absolutamente nada para reclamar deles. (Talvez eu reclamaria sobre não ter weekends off, mas isso não é contra as regras do programa, então beleza.) Eu sei que dei muita sorte com eles. Pra quem não sabe, eles são uma familia de indianos, e esqueçam tudo de ruim que já foi falado sobre eles. Pela cultura, as crianças são extremamente bem educadas e não me dão nenhum trabalho além do normal. Eu tenho muito trabalho com relação a ajudar os meninos em todas as tarefas do dia a dia, dirigir MUITO, limpeza das coisas deles, e cozinhar pra eles (essa parte esta sendo um desafio, afinal, eles também são vegetarianos e não deixam os meninos comerem qualquer coisa!) Além de tudo, ter que estar ali olhando eles e interagindo. Não parece ser muita coisa, mas quando se coloca tudo ao mesmo tempo, temos uma Camila doidinha tentando fazer todas as tarefas do dia. 

Resumindo: em dois meses já passei por duas famílias, um rematch, duas semanas com o namorado, viagem com a Host Family para a Florida de carro com duas crianças entediadas, quatro estados, muito trabalho, alguns micos, homesick, vontade de voltar pra casa, vontade de ficar, e muito, MUITO aprendizado! Apesar de tudo o que eu estou passando, vale MUITO a pena vir e passar por tudo isso. É de fato uma experiência para a vida toda.