Primeiro mês nos EUA + rematch
16:47
Estou aqui nos Estados Unidos há 35 dias e muita coisa já aconteceu por aqui. Vamos começar com a minha experiência em New York. Acabei ficando exatamente 15 dias em NY, contando com os dias da orientação. No ultimo post eu comentei com vocês que a minha familia não estava sendo tão boa quanto parecia ser e as circunstâncias não eram nem um pouco agradáveis. Por fim, a familia veio conversar comigo na manhã de segunda feira dia 08/Ago e eles me perguntaram como eu estava me sentindo. Eu não menti, e falei tudo o que eu achava. Falei que eu estava descontente e insegura especialmente por estar em NYC com duas crianças. Mencionei que eu estaria disposta a entrar em rematch se eu não conseguisse me adaptar, e eles acharam melhor pedir rematch no mesmo dia.
Confesso que fiquei super aliviada. Até então o combinado foi que eu ficasse até sexta feira, porque eles iam viajar no sábado e eu não iria mais junto com eles. Achei melhor fazer as minhas malas na hora - e foi a melhor coisa que eu fiz. No mesmo dia quando deu umas 4 da tarde, as minhas coisas estavam praticamente todas na mala, a minha hosta ainda estava trabalhando e o hosto chegou no meu quarto e me perguntou "Pra que horas você quer o seu voo pra Florida?" (Pra quem não sabe, eu tenho um namorado que mora na Florida. A gente se conheceu no OkCupid e até então a gente nunca tinha se visto pessoalmente.)
Ou seja, ele indiretamente (e educamente) me expulsou de casa. Eu fiquei sem reação e só concordei e no mesmo minuto ele comprou as passagens pra 9 da noite. É claro que apesar de tudo o que estava acontecendo, eu fiquei muito aliviada e contente. Tomei um banho super rápido, terminei de arrumar as minhas coisas, ele chamou um uber e lá fui eu. O motorista era asiático e eu mal entendia o que ele falava. Cheguei no aeroporto quase as 8 (lembrando que meu voo era as 9) e parece que tudo estava acontecendo pra dar errado. Tive que pagar excesso de peso e não tinha cartão de crédito, e eu dei o azar de eles SÓ aceitarem cartão de crédito no aeroporto JFK. A minha sorte é que ainda existe algumas almas abençoadas no mundo e uma moça pagou pra mim com o cartão dela e eu dei o dinheiro pra ela. Mesmo assim, ainda peguei fila, e cheguei no portão de embarque com 5 minutos pra fechar.
Assim que entrei naquele avião, eu respirei fundo e aquele foi o momento mais feliz da minha vida. Eu estava livre daquela familia e eu estava indo ver meu namorado pela primeira vez depois de quase um ano. Naquele momento eu não me importei de estar em rematch e de ter a chance de todos os meus sonhos acabarem ali e ter que voltar pro Brasil em duas semanas. Eu simplesmente estava feliz.
Cheguei no aeroporto da Florida e lá estava meu boy junto com a mãe dele. Abracei eles e tudo ficou bem de novo. Tive as duas semanas mais maravilhosas da minha vida, mas no meio tempo, é claro que eu tinha que pensar no que ia acontecer comigo. Na primeira semana eu tive só uma familia que não deu certo, e o tempo começou a passar muito rápido. Quando faltava uns 5 dias pro meu rematch acabar eu tive uma familia com 4 kids + 1 dog que parecia ser furada, e mesmo assim eu estava considerando a ideia só pra não ter que voltar. Mas graças a Deus no dia seguinte apareceu uma familia da Georgia com 2 meninos de 5 anos e 1 ano. Fiz Skype com eles e fechamos o match.
Depois que tive o match acabei indo pra NY de novo com o meu boy porque a gente já tinha planejado esse fds pra ele me visitar, então pra não perder todo dinheiro, fomos mesmo assim. Passamos 3 dias incriveis, voltamos pra Florida no domingo a noite e na terça-feira de manhã fui pra Atlanta.
O avô dos meninos que foi me buscar e já fomos direto buscar o mais velho na escola. Apesar de ter sido tudo corrido, essa familia com certeza foi mil vezes melhor do que a minha primeira familia. Me sinto muito mais confortável aqui e eles me tratam super bem. Tenho um quarto enorme no basement, carro pra mim, uma casa enorme e no estado que eu queria desde o começo.
É claro que nem tudo é maravilha... Tem muito trabalho pra fazer e muitos desafios pra mim. Tenho que pegar estrada todos os dias porque a cidade aqui é mais afastada e também a familia é vegetariana então tenho que aprender a cozinhar as coisas certas pros meninos. E fazer tudo super rápido pra não estar atrasada pra nenhuma atividade deles. Tenho que acordar super cedo e fazer mágica pra deixar tudo pronto.
Essa adaptação é difícil e a todo momento a gente tem vontade de desistir. Mas a homesick que tive em NY passou e as coisas parecem estar começando a entrar nos eixos. Eu vim pra cá exatamente para sair da minha zona de conforto e me tornar mais forte e mais independente. Não faz sentido querer voltar pra casa depois de tudo o que eu passei pra chegar até aqui. Então agora eu quero aproveitar todas as oportunidades que esse intercâmbio me trazer e me divertir o máximo possível. O trabalho vai ser difícil, cansativo e a cada dia eu vou ter um desfio diferente na minha frente. Mas afinal, estou aqui pra isso.
Continuo a mesma garota sonhadora que saiu do Brasil há um mês atrás, mas hoje eu já vejo as coisas com um outro ponto de vista e já estou muito mais forte do que eu costumava ser. De fato, só sabemos do que somos capazes assim que enfrentamos o mundo fora da nossa zona de conforto. Agradeço a Deus por tudo o que está acontecendo, mesmo que tenha dias que parece que não vou aguentar. Eu estou aqui, e estou aguentando. E a cada dia eu cresço um pouco mais.

0 comentários